Valorizando Lembranças - Andrés Guaçurary y Artigas
O Comandante
Geral das Missões Andrés Guaçurary y Artigas, é um personagem que na história
Nacional é desconhecida pela maioria, e a nível regional é exaltado por alguns
estudiosos e repudiados por outros. Para espanhóis um índio bárbaro e
sanguinário, para portugueses um saqueador torturador de inimigos, para
missioneiros um herói que defendeu o território Guarani com bravura.
Nascido em 30 de novembro de 1792, em São Borja , de acordo com
livro de registro de batismo deste povo, e conforme revela carta de seu pai
adotivo, General José Artigas, que teria
enviado a Andresito nos primeiros dias do mês de outubro de 1816, onde diz:
“... espero
que sabrá recuperar con valentía, cuando
yo lo disponga y avise, la espada que perdió frente al pueblo de San Borja
su amada cuña y la de sus padres...”
Andresito não
era índio puro, filho de índia São-borjense e de pai espanhol desconhecido, de
estatura baixa, mas porém corpulento, de
olhos verdes de olhar profundo, pele rosada, com rosto arredondado salpicado de
cicatrizes de varíula.
O sobrenome
Guaçurary é de origem Guarani estando escrito em Português, a forma correta
seria Guazúrary (Veado veloz), alguns autores escrevem Andrés Tacuary, mas é
uma forma incorreta.
Em 1801 com o
domínio Português no território Missioneiro, seu nome passou a ser escrito
Guacurary, e nesta época tanto os militares como os estancieiros aprisionavam e
escravizavam os índios, obrigando-os a trabalhar para si, ou abandonar o
território.
Andresito com
inúmeros indígenas, cansados das injustiças e atrocidades praticadas pelos
portugueses, cruzou o Rio Uruguai rumo a praça dos laranjais de Santo Tomé,
onde escutou diversos relatos de índios missioneiros contra a opressão, e
começou assim a sua luta por justiça.
Antes de 1810
Andresito serviu as tropas espanholas como soldado recebendo instruções
militares, onde obteve a sua iniciação de militante em prol do ideal da justiça
e da liberdade. Foi um excelente ginete, estrategista, hábil combatente, o que
lê deu muito prestigio e levou a alcançar sua máxima patente no Corpo de
Blandengues de la Pátria
de José Artigas. Desde então foram muitos anos de batalhas incessante pelos
três paises das Missões, muitas vitórias, dia-a-dia em prol da defesa do ideal
Missioneiro.
Em 24 de junho
de 1819, após uma derrota no Combate de Itacurubí que resultou na morte de mais
de 300 índios, e outros 200 separados em grupos, bateram em retirada pelas
terras missioneiras, quando no Passo de Santo Izidro (atualmente Passo de São
Lucas) a beira do Rio Uruguai a um mergulho da liberdade, o grupo de Andresito
foi capturado. Andrés Guaçurary preso e levado para o Povo de São Luis, e
posteriormente para São Borja antes de ser levado para o Rio de Janeiro, onde
veio a falecer possivelmente envenenado nos fundos de um Calabouço no Forte de Santa Cruz na Ilha das
Cobras.
Sua morte
ainda é um mar de suposições, e de indagações, mas a realidade histórica parece
ser esta, porem a história piedosamente tende a colocar um manto de silêncio
sobre o verdadeiro momento, local e causa de sua morte.
Terminava
assim para os Portugueses um longo pesadelo que Andrés Guaçurary y Artigas e
seus homens teriam iniciado no ano de 1816 com o cerco de São Borja.
Casualidade ou destino? O caminho de São Borja na vida de Andresito, aqui
começou sua campanha contra os Portugueses, em defesa da soberania Missioneira, e
aqui encerrava sua carreira brilhante como Blandengue, Comandante de Missiones,
Comandante Geral de Corrientes e Chefe do Exercito Livre Guarani Ocidental. E em São Borja o começo e fim
de um ciclo pessoal para Andrés Guaçurary y Artigas.
Fonte:
SAVOINI,
Juan Luis; Andrés Guaçurary y Artigas. La destrucción de las
misiones occidentales. Santo Tomé, 1990.
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