Uma Cruz em Minha cidade


Um menino viajava de carro com seu pai pela BR 287. Ficou impressionado com tantas cruzes ao longo do caminho. Perguntou ao pai: Pai porque há tantas cruzes aqui? O pai respondeu; cada uma destas cruzes meu filho, representa alguém que morreu.  E você, fica impressionado, quando vê uma cruz à beira do caminho? A cruz sempre lembra a morte.

Assim como no Calvário, São Borja possui três cruzes na entrada, mas com outro significado, cada uma, representa um século de história. Um belo monumento sem duvida nenhuma.

Pena um engano quanto a tipologia da Cruz de Lorena, que na época do tricentenário, foi adotada como símbolo do município, como sendo a Cruz representativa das Missões e não a Cruz Missioneira. Foi uma tentativa de destacar São Borja em meio aos demais povos Missioneiros. Adotado por diversas entidades sociais, brasão do município, citada em musicas, usadas no peito por muitos, embeleza diversos monumentos e serve de símbolo para seminários que projetam o futuro de São Borja.

Os São-borjenses, não notam diferença e costumam dizer que a Cruz de Lorena e a Cruz Missioneira, são a mesma, mas qualquer missioneiro que venha dos outros povos, a primeira coisa que se pergunta é o porque que a Cruz de São Borja é diferente.

É diferente pois sua representação e simbologia tem significados diferentes, a Cruz de Lorena é um tipo de Cruz, também utilizada nas Missões, assim como a Cruz de Borgonha, Cruz Arquiepiscopal ou Cardinalícia, Cruz Episcopal e Cruz Patriarcal,  mas a Cruz Missioneira que é símbolo de outros 29 povos Missioneiros,  representa hoje o símbolo que  identifica a todo o Estado Gaúcho.
Na realidade a Cruz Missioneira é uma réplica da "Cruz de Caravaca", sendo “Caravaca de La Cruz”, uma cidade na província de Múrcia, na Espanha, da onde teve origem grande parte dos Padres Jesuítas que aqui no Novo Mundo chegaram para catequizar os Guaranis, e construir um modelo de civilização, até então diferente de tudo visto na Europa.

A Cruz Missioneira tem por características principais os seus braços de haste dupla, e neles, ou na sua ponta, os trevos trifólicos, dos quais o terceiro ou do meio se acha invariavelmente cortado de forma reta, é o que diferencia da Cruz de Lorena que os trevos são completos.

E em mapa encontrado recentemente no Arquivo Geral do Vaticano, datado de 1691, e que contem a disposição e distância dos Povos Missioneiros, consta em cima de cada Redução, uma cruz missioneira, o que reafirma cada vez mais como o símbolo máximo dos 30 povos.

“A Cruz Missioneira, é um simbolismo formidável, regional e universal e abandonando sua matéria de grês ou pétrea, cria raízes, mostra seiva vital, transforma-se em árvore e apresenta folhas de esperança, flores de beleza especial e frutos de libertação, cultura e progresso para sempre.”
Padre Arthur Rabuske

Já está em tempo de São Borja, concertar o engano e erguer a sua verdadeira cruz missioneira, e travar o seu destino ao progresso que com paixão é esperado por muitos. Fica a sugestão aos novos governantes que coloquem uma réplica da cruz missioneira de São Miguel das Missões no trevo de acesso a São Luiz Gonzaga, e outra no Cais do Porto de São Borja, porta de entrada dos missioneiros pelo “Passo de São Borja”, por onde a 2º fase das Reduções começaram.
Matéria publicada no Jornal Alternativo em 2008.

Atualização: A Prefeitura de São Borja, mandou confeccionar duas cruzes missioneiras, obra talhadas pelo artista plástico Rossini Rodrigues, foram colocadas no trevo da Vila Cabeleira e outra no trevo da ponte da Integração. Uma bela obra registrando a ligação de São Borja com o seu passado missioneiro. 

Comentários

  1. haveria alguma fonte em que conste as proporções da cruz de carnavaca
    para poder-se reproduzir fielmente?

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