30 anos do Inventário da Imaginária Missioneira.
Em 1987, por conta das
comemorações dos 300 anos de São Miguel das Missões, nosso Patrimônio da
Humanidade, começou a se discutir a preservação dos remanescentes Missioneiros,
e que resultou em 1988, no projeto de inventário dos Bens Móveis e Imóveis
produzidos nas Missões Jesuíticas dos Guaranis, que procurou registrar e
pesquisar a imaginária que estavam em Museus, Igrejas, Instituições
educacionais, hospitais, em posse de particulares e também no mercado de arte e
antiguidades.
Ao final do
inventário 510 peças foram registradas, destas 50% estão de posse de coleções
públicas e 50% de coleções particulares, cabe destacar que a maior coleção é a
do Museu das Missões que totalizou 94 peças inventariadas, embora na década de 1940
existiam bem mais. (RODRIGUES, 2011. p. 255)
O inventário da imaginária
missioneira (1989), foi elaborado por Maria Inês Coutinho, com pesquisa de
campo de Delmira Giron Finco e Denise Lamperdt e teve como revisoras Flávia
Maria Rosa, Mabel Leal Vieira e Maria Inês Coutinho, o fotografo foi Luiz
Antônio Catafesto de Souza, institucionalmente realizada pelo Ministério da
Cultura, Instituto Brasileiro do Patrimônio Cultural – 12ª CR, Governo do
Estado do Rio Grande do Sul e Secretaria de Estado da Cultura – Comissão
Missões, com apoio financeiro da UNESCO, VITAE e Fundação Iochpe. Ao concluir
restou inventariado 510 imaginárias, destas 50% públicas e 50% de posse de
particulares.
A maior coleção pública é
do Museu Missioneiro de São Miguel das Missões que totalizou 94 peças
inventariadas, embora na década de 1940 possuia um acervo bem maior. São Borja
possui inventariadas 81 peças, sendo 50 de posse de particulares e 31 de posse
pública. O relatório foi impresso pela editora La Salle de Porto Alegre e
distribuído a instituições de ensino e bibliotecas públicas do Estado, os
originais entregues ao Instituto Brasileiro do Patrimônio Cultural, atual IPHAN
– Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.
Este documento é balizador
da imaginária missioneira no Brasil. É até hoje o único estudo realizado com o
objetivo de mapear e inventariar a produção de arte jesuítica produzida aqui no
período reducional. Para cada peça foi preenchida uma ficha com uma série de
dados informativos, de identificação e localização com análise histórica e
artística. Cada imaginária missioneira ganhou um número que permite ser
rastreada, o mesmo número consta na ficha e na peça.
Estima-se ter chegado a 1000 imaginárias a
produção nas Reduções dos Sete Povos. Porém, a falta de conservação, as
condições climáticas, transportes precários, incêndios, roubos e outras
contingências contribuíram para o desaparecimento de boa parte deste
patrimônio.
A legislação nacional de
proteção do patrimônio histórico, não oferece mecanismos que assegurem o acesso
a esses bens pelas instituições oficiais, dificultando assim, as ações de
inventário e tombamento. O próprio Inventário da Estatuária Missioneira sofreu
com isso, quando tentou inventariar 110 peças de um colecionador de peças
sacras na cidade de Porto Alegre, e teve o acesso negado, veja que esta coleção
particular, é maior que a do próprio Museu das Missões. Das 510 imaginárias
inventariadas apenas 13 foram tombadas, todas pertencentes a Igreja Católica de
São Luiz Gonzaga, e foram restauradas pelo IPHAN.
Quando do período de
execução do Inventário, muitas pessoas deixaram de apresentar suas estatuárias
para serem inventariadas, possivelmente com medo de terem confiscadas pelos
órgãos oficiais, assim como ocorreu na década de 1940. Outro fator que
prejudica o controle da imaginária é que boa parte das peças de posse de
particulares não possuem o registro impresso na peça, não foi feito quando
executado o inventário.
Considero as imaginárias
produzidas nas Reduções uma extensão do patrimônio da Humanidade, e precisam
ser valorizadas como tal, hoje espalhadas por todo Estado, possuem uma talha característica
e que identifica a região. Estas peças foram talhadas na madeira, na pedra ou
no ferro fundido por indígenas sobre a supervisão dos jesuítas. O inventário
precisa ser atualizado e encaminhado para o conselho consultivo Nacional para
um possível tombamento nacional, e quem sabe um dia o acervo possa ser
reconhecido também como patrimônio da humanidade.
Comentários
Postar um comentário